segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A receita pro sucesso

Bom, inicio hoje as postagens deste humilíssimo blog não com uma crítica, não não, mas com as tão desejadas "claves para un éxito literario¹".
Esse é um trecho retirado de um texto de Fernando Monteiro, publicado no jornal Rascunho, um lindo jornalzinho que eu sempre pego na Biblioteca Pública do Paraná aqui na ensolarada (ou não) Curitiba. Ele não fala sobre nenhum livro em específico, só mostra o panorama geral dos livros de sucesso e suas "dicas" para vencer. Aviso: qualquer semelhança com crepúsculo/marcada/beijada por um anjo e livros desta espécie é mera coincidência (?). Aviso número 2: ele criou este texto a partir de outro texto, em espanhol, distribuído por uma companhia aérea.

" (...)EIS O QUE DEVEMOS SEGUIR, A PARTIR DE HOJE - ISTO É, PELO MENOS AQUELES, DENTRE NÓS, QUE QUEIRAM ALCANÇAR O ÊXITO LITERÁRIO, dois pontos (passo a traduzir ahora, ó Homero Gomes, estas recomendações pelas quais esperastes durante toda  a tua curitibana juventude)...
(...)1. Gênero: como o mercado editorial tem predileção pelo romance, o livro deve ser um romance.
Entenderam? Isso aí é bem claro: ROMANCE! Nada, a não ser romance romanesco apostólico romanamente romanceado!!
2. Argumento: o romance tem que conseguir fazer o leitor passar boas horas às voltas com um argumento que distraia, mas isso de forma cuidadosamente dosada.
Sacaram? Tem que distrair, certo? Não sejam burros de fazer mais nada - a não ser distrair da distração da vida distraída...
3. Conteúdo: pensar pelo leitor. Isso implica em conclusões obtidas através dos personagens ou mesmo diretamente estampadas num lugar aparte. Ser completamente explícito com o que ocorre na história e não deixar nada para a imaginação.
Juro que estava escrito isso, lá! Assim mesmo. E a Ronda não tem culpa. É a roda deste nosso tempo, garotos e garotas. "Não deixar nada para a imaginação". (Também não é ironia ; o texto da revista não tem nada de irônico, em momento algum.)
4. Personagens: é melhor que o personagem do romance não seja demasiadamente complexo no seu caráter, a fim de que o leitor possa se imaginar, facilmente, no seu lugar. Exemplos: uma heroína forte e rebelde com algo de mais ou menos 'familiar', um vilão conservador e sovina com traços humanizadores, etc...
Não esqueçam isso: os vilões jamais devem ser tão vilões tão horríveis quanto o autor, por exemplo, de Marifogos de Bunda - por sinal bigodudo membro das academias Maranhense e Brasileira de Letras, cheias de velhinhos romancistas que não tem mais idade para aproveitarem estas preciosas regrinhas. Elas ainda podem ser - infelizmente - de algum modo úteis apenas para o "mascote" da ABL, o Paul Rabitt, coelhinho de estimação da casa de Machado de Assis (este solene idiota carioca que escreveu uma vasta obra com pouca - ou nenhuma - convergência com estas prudentes recomendações ibéricas de hoy).
5. Tamanho: os capítulos não devem ter mais do que 15 páginas, cada um. O romance inteiro deve ter um mínimo de sessenta mil palavras, se é para crianças e adolescentes, e cem mil se é para adultos.
Os números estão aí. Se vocês farraparem, e passarem de tais limites, etc., arquem com a consequência do insucesso e tudo o mais que fará a Folha de S. Paulo ignorar vocês - mesmo que algum romance enorme de vossas autorias tenha sido elogiado por Harold Bloom, nos EUA decadentes de Barack Obama. 
6. Linguagem: utilizar a linguagem mais simples possível, a fim de que os leitores não tenham que recorrer ao dicionário a toda hora - e venham, por isso, a abandonar la lectura. Não se deve permitir ao leitor nem uma "refrescada" ou pausa para respirar. À medida que os personagens resolvam um problema, aparece outro, e isso é que leva o leitor a passar, ansiosamente, para a página seguinte.
Joyces brasileiros - vocês estão fora do caminho do êxito! (Craro...) 
7. Ritmo: cada capítulo deve terminar, de preferência, com um "gancho": uma ação não resolvida que suponha um problema sério ou, melhor ainda, algum perigo para os personagens principais - coisas que serão solucionadas no capítulo seguinte.
"Gancho" tá bem explicado aí, não é? Mas não abuse da figura do Capitão Gancho, no seu romance, ó Peter Pan Eterno que me lê e que aguarda o êxito na Terra do Nunca, a partir de 31 de fevereiro próximo...
8. Marketing: procurem se aconselhar com bons profissionais que trabalham para editoras que conseguem vender gato por lebre, criando algo como uma lenda para cada autor do seu catálogo (bem fotografado, elegante, não-fumante, freqüentador de academias de ginástica, essas coisas).
Achei meio esquisita a oitava regrinha. Aqui, na terra do Coelho, o pulo do gato literário transforma sagüis em macacos-pregos do jogo do bicho da floresta da literatura transformada em espetáculo de circo de animais amestrados em bienais... Seja como for, eu não quis omitir esta oitava pérola.
9. Serialização: ter pronta uma continuação da trama, ou algo aproximado, para quando estoure o boom. Um livro levará para outro do mesmo autor, e isso faz os editores muito felizes; consequentemente, eles até lhe convidarão para um final de semana nas suas (deles) casas de campo...
Quem já esteve na casa de campo do Serginho Machado? E também do... Bom, deixa pra lá.
10. Hollywood: preparar um final que coincida com os cânones hollywoodianos. Se você fugir disso, terá dificuldades de se acertar com um produtor que poderia realizar o sonho de qualquer jovem romancista que se preze: ter os direitos dos seus livros adquiridos por cineastas. Esse desejo é tão profundo que muitos romancistas divulgam que isso "aconteceu" - sem ter ainda acontecido."
        
Bom, paro por aí com estas dignas recomendações pois, obviamente, quero o ouro só pra mim. Agora com licença que vou ali no cantinho escrever meu grande sucesso de vendas que vai me tirar desta vida de universitária desgraçada.
Beijos e boa sorte para quem resolver seguir as dicas!

¹Monteiro, F. (2011). Claves para un éxito literario. Jornal Rascunho: novembro de 2001, 11.            

2 comentários:

  1. HAHAHAHA..adorei as regras. guardarei pra qnd eu for escrever meu romance... hahahahaha..
    bjs

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  2. Adorei Helena!
    Regras muito boas, vou adotar :)
    Sempre que precisar, pode falar. Eu gostei bastante daqui, o lay é tranquilo e - bom, nas postagens que eu li - o jeito descontraído que você leva é ótimo. Crítica literária não tem uma fórmula porque nem sempre dá pra agradar a gregos e troianos, mas continue assim (e eu vou estar sempre aqui enchendo a paciencia... rs)
    BJão e bom feriado =^.^=

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